sexta-feira, 23 de novembro de 2007

III CNMA e o Papel da Imprensa

Efraim Neto

A nossa III Conferência Nacional de Meio Ambiente está chegando. Qual o papel da imprensa no processo de construção das propostas que serão apresentadas durante as reuniões provavelmente em Brasília? O tema da III CNMA é: "Mudanças Climáticas". Sabemos que volumosos recursos públicos são jogados em eventos dessa finalidade. Entretanto, efetivamente são poucos os resultados evidenciados. E lanço aqui uma pergunta muito importante para todos nós jornalistas. O que foi publicado sobre essas supostas mudanças sugerido pelos delegados em 2003 e 2005?

Chamar a sociedade civil organizada a deliberar sobre temas fundamentais e urgentes é saudável como exercício democrático e cidadão. Entretanto, as mais derivadas propostas construídas em grupo e que buscavam o bem comum nunca entraram em evidência. Exemplo; na primeira conferência, venceu a proposta que "proíbe a transposição do Rio São Francisco em qualquer instância, independentemente dos resultados dos estudos de viabilidade técnica". O governo não escutou a "voz do povo"! E nós da imprensa, escutamos? Publicamos o que sobre essa temática? Porque nas matérias não relacionamos a questão das formulações das políticas públicas às informações contidas em nossas matérias? Qual é o compromisso que nós, jornalistas e futuros jornalistas, assumimos perante a formulação das políticas públicas nacionais?

Acredito que assim como as conferências anteriores, a cobertura e as suítes dos temas discutidos nas conferências, não serão suficientemente expressivas. Não creio que a III CNMA vá render bons frutos, como enxergo que a imprensa poderá recortar somente as questões das mudanças climáticas, deixando de lado programas importantes como a desertificação e a gerência dos nossos recursos hídricos. Será que a imprensa irá pressionar o Estado por medidas mais eficazes?

Enquanto temas como as mudanças climáticas são sempre batidos por nossa imprensa, outros temas, não menos importantes, perdem espaço! Como rever isso e fazer um jornalismo para a sustentabilidade, e não para o "alarmismo"? Acredito que esse seja o nosso paradigma. Vamos pensar de que forma podemos realizar uma cobertura de sustentabilidade nas conferências estaduais, municipais, etc.

E no caso de eventos como a CNMA, qual o papel da imprensa? Apenas informar os acontecimentos? Acredito que o nosso dever, até mesmo por sermos cidadãos, é o de pressionar para que as metas sejam realmente atingidas. É nosso dever agendar esses temas na mídia. E com ética e coerências, criar enquadramentos que melhor sustente as questões da sustentabilidade, além da possível mudança de comportamento social, perante as questões ambientais!.

Infelizmente se nada for feito, o nosso futuro ainda estará nas mãos de poucos e nas atitudes, pouco efetivas, de muitos; como conseqüência disso, a Terra continuará agonizando.

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